sábado, abril 29, 2006

Sons de uma mulher...

São os teus sons que me conquistam!
O brilho da espada que me alimenta o desejo...
Aqueles sons...
A maneira como aquece o ritmo da irreverência da minha pele...
O timbre...fugaz...e tão desejado...
A expressão singela...que me faz dirigir canções de amor...
Uma constante mutação que me faz delirar!
Conseguem beijar as minhas virtudes, e deixar para trás um passo nobre...
O travo que se dá por si próprio...
O fumo que acarinha a minha densidade...
Encontro-me.Perdido.No mais fundo que há em mim.Tão fundo que julgo só ser tocado pela postura que me mostra o som da tua pele a danificar os meus sentidos.
Oh!E enquanto faço matemática na minha cabeça, é a alma que se preenche e o vazio que estremece...
São os sons...da mulher que me dirige o melhor que há em mim...
Estranheza feminina, que me cantas ao ouvido e que me fazes rodopiar, cada vez que tento projectar para além da tua dimensão espacial...
Sorrisos escondidos!Almas enroladas...em posicões fetais!
Sons da tua mulher...uma banda sonora a que não quero fugir...
Cavalo Branco
Dualitate

segunda-feira, abril 24, 2006

Espião I

Não me olhes! Não sorrias assim Não quero saber o que pensas. Não quero saber o que sentes. Não rias quando me movimento. Cessem os teus olhos de brilhar quanto tento cantar uma canção. Não me sigas. Não estejas presente. Eu só quero dançar nesta pista como se estivesse sozinha. Não desapareças, quando te espio, para ver se me olhas. Não está certo! Não me contraries...O meu coração bate. A minha pele altera-se. Não finjas que não viste. Não mostres que pressentiste! Odeio-te! Amo-te! Quando falo contigo, disfarçada, fala-me de outras coisas. Não mostres dúvida pelas palavras que digo, estranhas. Não gozes. Não zombes. Hoje, só vim dançar.

Espiral

Dualitate

quinta-feira, abril 20, 2006

Flauta arranhada

Matem toda a gente que escreve os sentimentos que me pertencem. Retirem das prateleiras todos os livros que contam a minha vida sem autorização. Cessem os sons que me enclausuram, repetindo repentinamente quem sou eu.
Quantas penas foram gastas na vã tentativa de escrever um argumento original. Quantas partituras amarrotadas e remetidas para um canto enquanto um compositor desfalece sob um piano surdo?
Quantos quadros esborratados de tintas ilusórias, quantos filmes de terceira categoria projectados para deslumbramento dos espectadores?
Pereçam todos os infelizes, insatisfeitos consigo mesmos , que tentam igualar o que sentem levando-o ao cúmulo de o chamar arte.
Rasguemos todas as historias baças que tentam retratar o mundo. Elas não mostram, elas não sabem, elas nada sentem sobre o bater de um coração que se escapa involuntariamente quando uma pele se arrepia por culpa do toque do humano. Revejam as notas rabiscadas e atirem-nas para as calmas águas do espelho. Olhem as que se afogam, contemplem as que se salvam. Ouçam o som do grito. Talvez assim tenham a sorte de tocar uma partícula do verbo amar.

Espiral

Dualitate

terça-feira, abril 18, 2006

Rua-Lua

Tenho a dimensão certa dos caminhos daquela estrada.Sei para onde me leva a Rua, por entre animais perdidos e buracos escondidos.Nada é fácil, como sempre foi!Quando páro, a noite pinta o teu sorriso, e é aberta a janela de onde a Lua vislumbra toda a minha alma e venera, por inteiro, a dor que tiveste só para me dar vida.
Cavalo Branco
Dualitate

sexta-feira, abril 14, 2006

Úlceras de Pressão

Mexia-me pouco!Venerei as minhas úlceras de pressão.Até ao último dia que me foi possível.Aquelas feridas tão húmidas, tão doces...
Nunca saem quando nós queremos.Só saem quando evaporamos um estado...
Um peito cheio de medo e um espírito violado...
A loucura de uma aliança de gestos perdidos e sonhos derramados.Todos os dias, havia tempo para tratar das minhas feridas.
Por elas?Tudo!
A minha pele rasgava e abria uma nova forma de sentir.As minhas veias davam sentido à cor que a minha imaginação sonhava.À vista desarmada, elas respiravam, consumindo um oxigénio que não aproveitava para recuperar...
Tudo era transformado num processo.E ali, naquelas posições roubadas, respirava-se um ambiente que me fazia olhar para faces desfocadas.E ali, naquela dor que me fazia viver, passava por um ritual que me deixava escapar um sussurro de inocência.
Nunca vou magoar as minhas feridas...
Deixei apenas de suportar a dor que elas me provocavam.Ao contrário do que sentia, eu estava a morrer...e toda a metáfora estava errada.
Eras um filho de uma natureza que não a tua.E tocavas lugares que já nao se sentiam.As úlceras eram parte do teu consumo...da tua maneira de tudo abarcar...

Cavalo Branco
Dualitate

sábado, abril 01, 2006

Pensamento do lago

É um problema se mesmo de costas, a voz que te dilacera os sentidos faz-te captar mil imagens sombrias e escrever algumas palavras embargadas em lágrimas, enquanto desejas fugir para longe, para onde a tua alma não fique pateticamente arruinada.

Espiral

Powered by Blogger