quinta-feira, março 23, 2006

Ventre Infinito

Já se viveu para não viver.Já se morreu para não matar.
Muitas mais vezes,matei para não morrer!Quando chegada a minha vez de cair, sempre utilizaste armas diferentes.De todas elas, escolho a tua alma.É a faca afiada e brilhante onde me (re)vejo ao espelho.É a faca suave e suja, cujas picadas nunca são corrigidas.Nunca...saram!
Fechado no teu ventre, juro que oiço os gritos de suor que lanças aos ouvidos do meu coração.
Gritos...
Promessas...
Tudo isso, despedaçado ao ritmo das lágrimas que soltas em mim.
Seca a Alma!
Eu fecho-me aqui como sempre.Quantas vezes morri eu dentro de ti?
Nunca chegarei a tocar o infinito que sonhaste...

Cavalo Branco

Dualitate

quarta-feira, março 08, 2006

"Olho-te"

"Olho-te". Relembro-me as memórias que tenho do que escrevi. "Olho-te". Desenhada com doçura, câlida, esta palavra é um eco do grito selvagem que calo por não te poder alcançar. "Olho-te". Um suspiro baseado numa visão inalcançável, o sentimento que nutro por ti. "Olho-te" baço e disfarço porque não quero descobrir que és o alvo da minha atenção. "Olho-te" porque te vejo como nunca ninguém te quis ver. Autorizo-me. "Olho-te", porque sou cega à luz que irradias e que impede que os outros te vigiem. "Olho-te" por debaixo da pintura com que te mascaras, debaixo do riso que soltas, por dentro dos passos que dás quando sonhas. "Olho-te" desejando que saibas ao que aspiro, olhar-te sem reservas e sem medo de adorar o espelho de emoções que rodopiam em olhos que esmagam os cílios murmurados. "Olho-te" profundamente porque o que sinto não se contenta com uma nefasta nesga da tua sombra fugidia que se afasta de mim. "Olho-te" fingindo-me indiferente e longínqua. "Olho-te" porque escondemos o que é importante nos olhos dos outros. "Olho-te" porque quero descobrir a verdade que escondes nos teus.

Espiral

Dualitate

quinta-feira, março 02, 2006

Língua

No lugar do coração sempre tiveste um ponto de interrogação a beijar um de exclamação.Mesmo quando lhe falava baixinho para não o acordar sobressaltado...tu nunca dormias!
Desfio o meu tempo a pensar se alguma vez soubeste lamber-me o jeito de amar.A tua língua parece-me agora para sempre fria e morta, e eu vivo a implorar o seu gosto...
Cavalo Branco
Dualitate

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