quarta-feira, agosto 19, 2009

Fim de férias

Sento-me, cansada, cheia de pó e coberta de feridas. Sei que tenho que limpar a minha espada. Porque há mais batalhas. que não esperam. Mas há feridas que doem quando paro. Outras que doem se me mexo. Respiro rapidamente, o ar sai-me mais depressa do que entra, engasgo-me e não consigo respirar. Tusso. Agarro-me à minha espada. Que está tão suja. Que fica tão enferrujada, da chuva, do sangue, que fica tão frágil , que quase parece que se parte.
Não sei quantas batalhas ganhei ou perdi. Só sei que estou cansada, mas de alma cheia. Oh, é tão díficil encher uma alma cheia. Sinto-me tão intrinsecamente triste. Tanto que a minha alma transborda. Tanto que a minha alma seca. Desordenadamente. Como ao carregar num botão. On. Off. On. Off. On. Off.
Penso que só preciso de um aceno. De um abraço. De um olhar. Mas isso é tão pouco. É um pouco que faz escorrer um pouco do meu coração. Escorre até encher um pouco daqueles recantos vazios. Escorrer até tapar um pouco das feridas. Que ardem. Das cicatrizes. Que não curam.
Vou limpar a espada. À minha volta todos o fazem. A minha não tem mais riscos que muitas. Não tem menos.
Seguro o meu cabelo sujo que cai juntamente com suor pelo meu pescoço. Há tanta gente perto de mim. Tantas respirações que pregam partidas. Tantos que sufocam. Tantos que sobrevivem. Tantos que vivem. Ouço alguns assobios. Há sempre quem sabe cantar. Eu estou aqui. Com um escudo quebrado. Mas ainda tenho a minha espada.

***

Tu. Escuta-me. Deixa-me encostar a ti por um momento. Perder-me na imensidão estanque do teu corpo. Inspirar profundamente o teu cheiro. Beijar-te de olhos bem fechados. E ficar assim até que as nossas mãos se entrelacem sozinhas.


Espiral

Dualitate

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