terça-feira, setembro 16, 2008

Testemunhos

Da última vez que me lembro, deixei as minhas mãos abandonadas na tua almofada. Ficaram alguns cabelos esquecidos no teu candeeiro de tecto. Talve o meu echarpe também esteja dentro da televisão. Mas tu ainda não reparaste nos pormenores da foto que o flash bateu. Afinal, perdeu-se o valor do coração de uma Mulher no desejo dos Homens?...

Dualitate

Espiral



segunda-feira, setembro 08, 2008

Bolo de chocolate

Começei a saltitar de bola de luz em bola de luz. Elas vão perdendo a cor. E a luz irá extinguir-se. E aí perderei tudo. Por isso bracejo. Por isso grito. Por isso rolam lágrimas frias. Porque perder parte da imortalidade que sonho, é porque esqueci. Tiro o cobertor dos ombros. Desaperto o cinto. Atiro as sandálias para longe. Descalça, levanto-me do sofá. Arranco as cortinas violentamente da janela e olho a noite estrelada que está completamente exposta. Já não me lembro do teu cheiro. Mas se respirar profundamente sei que ele voltará a estar aqui, no meu lado esquerdo. Abro os olhos abruptamente. As cordas começaram a soltar-se das costas. Faço um gesto largo com a mão em direcção às estrelas enquanto rolam lágrimas calmamente quentes. Ouço o som da porta, que não vejo, a abrir-se. Um outro cheiro apanha-me. Uma voz. Palavras... E eu viro-me, e sussurro, com um sorriso doce "Bem vindo a casa."
Espiral
Dualitate
Inspiração - Toranja, Chris Cornell, as estradas e as noites estreladas deste mundo.

terça-feira, setembro 02, 2008

Universos

Corro para ali onde sei que estás à minha espera. Talvez tivesse o vestido de Verão que sei que desejas. Ouço as músicas. Estou rodeada das pessoas infinitas e anónimas que seguem uma cadência delas ao mesmo ritmo da música que eu ouço. Ao longe sei que algo, talvez muito, me espera. E não ligo a quem está aqui tão perto... Sigo o que o meu coração pulsa no momento. E, no entanto, sei que rasgarei um pouco deste vestido, usarei esse tecido para vendar um dos meus olhos. Talvez com o outro pedaço, um dia, faça um curativo para algum do teu sofrimento, da tua ânsia, do teu desejo.
As telecomunicações por momentos abafam aquele voz, ébria, louca, que canta. Só estou cá eu, e alguém. E a troca de palavras incessantes, na procura de uma fonte que ainda não se sabe se existe. E as decisões tomam-se, e o mundo roda, e desloco-me neste caminho...
Ouço uma música forte. Acerca de atitudes, de comportamentos, de cobardias e de coragens. Ouço.. ouço uma voz que me transcende. Não queria, não esperava essa voz agora. Uma voz que me faz levantar a cabeça e que me faz sentir mais rápido. Naquele momento o Universo conspira, e pareço que por momentos entendo os seus sinais e a sua linguagem. Podias ser algo meu. Poderia amar-te. Amar os sentimentos que transbordam dessa voz descomplexada e descontraída. Que se soltou, por puro prazer de se soltar. Poderia apaixonar-me por ti, talvez. Mas não agora. Agora corro numa direcção diferente. Que, sei agora, não é oposta, é apenas paralela á tua estrada. "Agora", ainda sei muito pouco de mim. "Agora" sigo outra parte de mim. E olho para ti novamente. E sei que este momento estará guardado, para que talvez um dia posso desabrochar. Sinto que acabei de perder demasiado. Mas o que ganhei foi o bastante. E talvez um dia estas duas estradas se perturbem irremediavelmente e eu escolha outra, e as trocas justas não sejam mais do que pura racionalidade e os sentimentos vivam por si.

Dualitate

Espiral

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