quinta-feira, agosto 14, 2008

Anual

Fujo do Verão. Fujo dos cadernos. Fujo das toalhas. Fujo dos artigos. Fujo até ao fundo de mim. Não sei se quero risos. Não sei se quero choros. Não quero deitar-me a pensar. Não quero levantar-me e correr. As minhas pernas cedem. Mas tenho que andar. A minha garganta grita. Mas eu calo-me. Os meus olhos ardem. E eu esqueço-me. O meu coração doí. E eu aceito.
O Outono passeia os dedos saudosamente pelas minhas linhas. As folhas lá fora caiem. Já passei por isso. Não sei se ultrapassei ou se estou mais fraca. Suspiro fundo, enrolo-me num cachecol e saio para a rua. Vozes marcantes cantam-me aos ouvidos que os sinais aparecem quando queremos vê-los. Com as mãos debéis afasto ventos. Com os pés desajeitados calcorreio calçadas. Tropeço. Mas chego onde sempre vou quando ando sem destino. Sento-me nesse banco mal pintado. O meu cachecol quer fugir. Não discuto. Não resmungo. Tiro-o. Tiro a camisola. Tiro as calças. Ato o cabelo. Enrolo uma ligadura ao pulso. Para distrair-vos do meu ponto mais fraco.
Mergulho nas águas geladas do Inverno. Amar com garra. Se magoar. Situar o meu centro de gravidade num ponto escondido. Rir e salpicar-me de lágrimas. As cervejas sabem melhor assim. Culpo sempre o contraste perceptivo. No fim, não julgo ninguém.
Saio da água com dificuldade. Cá fora faz calor. Aquele calor de Primavera que desapareceu. Pego no cachecol, enrolo-me. Talvez volte a divertir-me a escrever. Agora, vou descobrir novos caminhos para casa, enquando ainda estou molhada e assim o sol não me queima sem piedade.
Espiral
Dualitate

segunda-feira, agosto 11, 2008

Lágrimas

O meu coração vazio sangra enquanto o meu cerébro só pergunta porquê.
Os meus lábios, contudo, mantêm-se secos.
Dualitate
Espiral

quarta-feira, agosto 06, 2008

Humanidade

Ser um ser meramente humano. Contar os erros por todos os dedos das mãos. Ou perceber que todas as mãos e todos os pés não chegam. Rir, do mal e do bem. Chorar por futilidades ou por vaidades. Ter sempre um trunfo, mesmo quando não se tem. Parecer...para quê tentar ser?

Sentir humanamente. Errar, claro. Os erros são para serem consertados. Muitos ou poucos, vou viver com eles. Rir com o riso, com a alegria, com a ironia de um mundo cheio de inconsistências. Chorar por amor, por desamor, por desilusões, pelos outros, por mim, nunca chorar só por chorar. Chorar, porque se sente humanamente. Ter sempre uma mão. qualquer que ela seja, aprender a lidar com ela. Ganhar? Perder? Parecer? Como? Se no fundo de mim, só consigo ser, e qualquer máscara que tento pôr, não se aguenta mais de 5 minutos.

Recordar, horas, dias, anos, vidas.... porque, eu sinto assim. humanamente, sendo assim, meramente humana.

Dualitate

Espiral

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