sexta-feira, novembro 23, 2007

Gume Invertido

Hoje mostrei (mais uma vez) uma face humana. Que tanto ri como chora. Que mantém uma calma intrasponível, fria como o gume de uma espada. Que desaba, que se esconde debaixo do banco do transporte....que se segura, a um braço, ou a algumas palavras escritas que de repente se tornam interessantes e fazem com que voem folhas que anteriormente passavam tão lentamente.
E sei que amanhã voltarei a morrer...como em todas as manhãs...e voltarei a levantar-me ao anoitecer...como nem sempre acontece...mas vou deixar andar.
Ouço vozes, essas que me prendem a este lado tão cheio de rugosidades que me ferem...vozes que me dizem "fica aqui"...sinto os dedos, na face ,de alguém que sussurra "estou aqui"...mergulho num beijo do lado quente, do lado que me transmite "estou contigo" e penso, pensarei sempre naquele lado colorido, frio e quente, feito de nostalgias e perserveranças que me pergunta "onde estou?"...esse lado que sou eu. Que não fala dos outros, nem daqueles, nem destes. Apenas de mim. E que guarda todas as cicatrizes que se esqueceram de se espalhar na minha cara, no meu corpo, na minha perna... e todos os medos que se acumularam, as angústias que apodreceram, as desilusões que me marcaram...A este lado respondo "não sei onde estás...". E talvez haja um grito. Talvez haja um silêncio. Talvez haja uma morte. Ou um renascimento. Só sei que isso será apenas um compasso de espera para eu continuar "...mas eu estou contigo...". E a minha face humana talvez se mostre...quente, como uma espada que não precisou de sair da bainha.

Dualitate

Espiral


Inspiração - rurouni kenshin --> "é preciso guerreiros que lutem na escuridão para que alguns possam viver na luz"

segunda-feira, novembro 05, 2007

Manta

Acordo só para interromper este sonho. Acordo apenas para voltar a pensar sobre aqueles bocados da minha alma que partiram e não voltaram . As minhas palavras sulcadas de tantos olás e adeus. As minhas esperanças feridas de tantos interesses ou de tão poucos. O luto que faço e desfaço para mais tarde voltar a deitar-me sob uma manta desmanchada. Uma manta com defeitos tantas foram já as correcções feitas aos erros bem demarcados. Parto, depois de a dobrar, e de a guardar no fundo do saco em busca de mais frases. De mais caixas, numa busca perdida e vã de conteúdos. Porque eles nunca se encontram em caixas. E muito menos em promessas. E nunca, mas mesmo nunca nos sonhos. Naqueles em que teimo em sonhar. Não nos que sonho acordada. Esses são diferentes. Por esses luto. Por esses perco. Por esses escreverei sempre palavras, absorverei emoções e conterei lágrimas. Mas não entendo sonhos de ilusões perigosamente perto. Nem de dúvidas vulgarmente criadas. Nem de rostos que se fecham devido à dúvida com olhos que procuram paraísos perdidos. Especialmente porque muitas das viagens param em várias estações. E não entendo porque me sento num banco de uma estação vazia com uma alucinação como companhia. Igualmente vazia. E branca. Quando eu me sinto tão negra. Porque não venço este luto que se desboroa a cada passo que dou. A cada pista a que me entrego. A cada pedaço que dou. A cada sonho de que acordo.

Espiral

Dualitate

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