segunda-feira, dezembro 22, 2008

"Choose love"

Concedo-me uns segundos de tranquilidade mal desligo o carro. Deixo o frio instalar-se. Continuo a ouvir a música porque não retirei as chaves. Sinto a minha respiração a ir e a vir. Estes momentos dão-me mais força e fraqueza que todos os outros. Coloco nos ouvidos os phones. Embrulho-me no casaco mal saio do carro. E a música que me acompanha adormece-me todos os sentidos. E não sinto uma presença. Uma presença que se aproxima e que reconheço. Que me intimida como por magia.


Ele aproxima-se, parece que hesita. Ela baixa os olhos, e acho que lhe pergunta qualquer coisa. Bolas, não consigo ouvir bem. Ele responde... Hum... acho que ele não respondeu bem o que ela esperava. Levantou a cara de repente. Parece corada. É de noite e ela cora. Volta a baixar a cabeça. Que raio. Não percebo nada disto. Tens medo dele, miúda? E porque é que continuas com os phones postos????? Grrr.... odeio estar tão longe e não ouvir nada!


Gosto do ar dela. Meio atrapalhada. A fazer-se de forte. Ela é tão forte. Tão frágil... Quero tanto abraça-la... beija-la... dizer-lhe que a quero proteger.  

Gosto da música que estou a ouvir. Fala de tudo. Fala deste momento. Fala  exactamente deste momento que eu não entendo. 

Finalmente ele aproxima-se. Nunca mais!... Oh.. Só lhe disse qualquer coisa ao ouvido. E tirou-lhe o phone do outro ouvido. E agora ao outro. Tão pá?  Disse outra coisa.. E ela calada. Não percebo nada disto. Então, ENTÃO? Ah..... porra! Não, na cara...  bah... meninos...

" Não digas nada."

"..."

"Quero conquistar-te."


Espiral

Dualitate


Inspiração escrita - concerto de Rita RedShoes e Skin. 



 

terça-feira, dezembro 09, 2008

Folhas pisadas

Neste momento escorrego por mim, atropelo os meus sinais, percorro sozinha a pele, rente ao tempo que não me pertence.  Seguro-te. A ti... a ti... porque todos os romances podem durar mil séculos na palma da minha mão. E o sopro de um beijo esquecido ou rejeitado  pode surgir, bem de novo à minha frente. O prazo de validade dos amores pode ser ultrapassado. Eu sei. Mas todos os dias tenho um cinema para onde voltar e onde recordar as imagens que quero transportar sempre comigo. Mesmo que se esbatam numa tela constantemente molhada. Porque eu gosto demasiado do tom das folhas a cair, mesmo que pisadas... porque os meus amores serão sempre de Outono mesmo que brilhem em pleno sol do Verão. E não interessa se os fôlegos acabaram. Irrelevante se as palavras se contradizem... É banal? Mentir é tão banal. ocultar, omitir, por medos, suores frios, por uma segurança que me prende e segura, levemente sustentada. Por isso vou criar os meus momentos perfeitamente desencantados... que me encantam, e inventar todas as realidades que me violaram a pele, escrevendo-as num livro de não-ficção. E pergunto-te baixinho, para que mal ouças, para que não o mintas, "que sentes tu?"...

Dualitate

Espiral

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Poças de água

Acho que do que tenho vestido só reconhecerias as calças que comprei há alguns anos atrás. A camisola larga e azul e o cinto castanho nunca viste. E os olhos enormes que carrego estão um pouco maiores. E um pouco mais escuros, e um pouco mais densos. Também um pouco mais medrosos. Mas isso tu não sabes. Apenas sabes que não me reconheces. 
Sento-me descontraída perto de ti. Tenho o cabelo molhado mal apanhado, e a face um pouco mais delgada. Afundo a cara na palma da minha mão e sorrio. Passam entre nós histórias, imagens de momentos perdidos, momentos de onde te retiraste, de onde eu me escondi. Passo um dedo pela parca poça de água feita pelo copo que se partiu. Desenho arabescos, promessas, declarações que rapidamente desaparecem. Sorrio novamente. E do meu cabelo molhado pesam pequenas gotas, porque ele ainda não secou. Provavelmente sou capaz de me deitar um pouco neste chão, arquear um pouco as costas e espreguiçar-me. Depois adormecerei sem me lembrar sequer da presença ali tão perto. 

Espiral

Dualitate

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