quinta-feira, dezembro 04, 2008

Poças de água

Acho que do que tenho vestido só reconhecerias as calças que comprei há alguns anos atrás. A camisola larga e azul e o cinto castanho nunca viste. E os olhos enormes que carrego estão um pouco maiores. E um pouco mais escuros, e um pouco mais densos. Também um pouco mais medrosos. Mas isso tu não sabes. Apenas sabes que não me reconheces. 
Sento-me descontraída perto de ti. Tenho o cabelo molhado mal apanhado, e a face um pouco mais delgada. Afundo a cara na palma da minha mão e sorrio. Passam entre nós histórias, imagens de momentos perdidos, momentos de onde te retiraste, de onde eu me escondi. Passo um dedo pela parca poça de água feita pelo copo que se partiu. Desenho arabescos, promessas, declarações que rapidamente desaparecem. Sorrio novamente. E do meu cabelo molhado pesam pequenas gotas, porque ele ainda não secou. Provavelmente sou capaz de me deitar um pouco neste chão, arquear um pouco as costas e espreguiçar-me. Depois adormecerei sem me lembrar sequer da presença ali tão perto. 

Espiral

Dualitate

Powered by Blogger