Frágil
Se vieres até aqui, vem devagar. Levanta as pedras que precisares para investigar. Mas por favor não faças poeira. Destranca as janelas, deixa o ar da noite entrar, mas não autorizes as buzinas e o barulho da cidade. Passeia por todas as divisões, toca no que quiseres, mas não derrubes nada. Entra na biblioteca, sobe a escada mais alta e escolhe o teu livro favorito. Mas não o folheies. Guarda-o para o leres mais tarde. Não corras, não grites, não fales. Aproxima-te, mas não te faças revelar. Não deixes que te note. Porque eu estou aqui. Deitada, olhando o vazio da parede. A tremer, sem que uma única partícula de mim se mova. Só quero dormir. Só quero estar aqui. Só quero existir. E a tua proximidade perturba-me. Por isso, não te aproximes do meu espaço vital.
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Deixou-se cair naquela cadeira cheia de pó. Não sabe o que procura. E está cansado. E talvez farto. E aquele desejo não chega para tanto. Levanta-se e deixa cair a canção. E os marcadores. Fazem tanto barulho neste chão isolado... Encolhe os ombros, olha para trás. E quase atira o casaco. Depois muda de ideias e sai.
Espiral
inspiração : este post (lindo) aqui
Espiral
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3 Comments:
Gostei muito, muito.
Um blog muito bonito. Gostei e voltarei.
um cheirinho de conto =)
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