quinta-feira, janeiro 26, 2006

Multiplicação

Só!Sofro só...
A multiplicação da dor é grotesca.
Devemos sofrer sós,
Olhar para a mancha na parede é um processo solitário.
O toque na ferida,
Altera o rumo do sangue.
Mas nela, só deve encaixar um dedo,
...solitário.
O meu, o nosso, o de cada um...
A multiplicação da dor é cruel.
Não tem sentido.
Como eu.
Como tu.
Como aquele para quem olhas quando a rua já passou,
Sem escolheres a maneira como isso te marcou,
Nas profundezas da intimidade.

Cavalo Branco

Dualitate

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Vazia

Estou triste. Esqueci-me que tenho de sonhar. A preguiça não me deixa criar mundos. A coragem sabe que não há uma ponte para atravessar. E não tem utilidade se cair no rio. Não sabe nadar. Sei, que pela lógica, devia escrever sobre sorrisos desmentidos, olhos convencidos, sobre um calor, que julgo não me pertencer. Mas um coração gretado só pode bater, bater, pulsar devagar, ritmado, como um qualquer coração faz.
Para viver, o sangue corre. Tudo está bem assim. Faço os meus deveres, ato algumas pontas e não deixo assuntos a sujar os caminhos. É quase perfeito de tão certo. É tão tranquilizador saber o que fazer. Sei o que fazer se me põem uma venda nos olhos. Fico parada e não me mexo. Se não ando, não posso cair. Se não me mexo, não me desequilibro. Se não tremer, não sabem que me assusto. Não é bom? Assim não me acontece nada. E não minto. Mas sei que a venda irá cair. E sei que haverá outra paisagem para onde olhar. Afinal não estou triste. Nem vazia. Estou no túnel que me levará até à próxima estação.

Espiral

Dualitate

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