Manta
Acordo só para interromper este sonho. Acordo apenas para voltar a pensar sobre aqueles bocados da minha alma que partiram e não voltaram . As minhas palavras sulcadas de tantos olás e adeus. As minhas esperanças feridas de tantos interesses ou de tão poucos. O luto que faço e desfaço para mais tarde voltar a deitar-me sob uma manta desmanchada. Uma manta com defeitos tantas foram já as correcções feitas aos erros bem demarcados. Parto, depois de a dobrar, e de a guardar no fundo do saco em busca de mais frases. De mais caixas, numa busca perdida e vã de conteúdos. Porque eles nunca se encontram em caixas. E muito menos em promessas. E nunca, mas mesmo nunca nos sonhos. Naqueles em que teimo em sonhar. Não nos que sonho acordada. Esses são diferentes. Por esses luto. Por esses perco. Por esses escreverei sempre palavras, absorverei emoções e conterei lágrimas. Mas não entendo sonhos de ilusões perigosamente perto. Nem de dúvidas vulgarmente criadas. Nem de rostos que se fecham devido à dúvida com olhos que procuram paraísos perdidos. Especialmente porque muitas das viagens param em várias estações. E não entendo porque me sento num banco de uma estação vazia com uma alucinação como companhia. Igualmente vazia. E branca. Quando eu me sinto tão negra. Porque não venço este luto que se desboroa a cada passo que dou. A cada pista a que me entrego. A cada pedaço que dou. A cada sonho de que acordo.
Espiral
Dualitate
Espiral
Dualitate
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home