Úlceras de Pressão
Mexia-me pouco!Venerei as minhas úlceras de pressão.Até ao último dia que me foi possível.Aquelas feridas tão húmidas, tão doces...
Nunca saem quando nós queremos.Só saem quando evaporamos um estado...
Um peito cheio de medo e um espírito violado...
A loucura de uma aliança de gestos perdidos e sonhos derramados.Todos os dias, havia tempo para tratar das minhas feridas.
Por elas?Tudo!
A minha pele rasgava e abria uma nova forma de sentir.As minhas veias davam sentido à cor que a minha imaginação sonhava.À vista desarmada, elas respiravam, consumindo um oxigénio que não aproveitava para recuperar...
Tudo era transformado num processo.E ali, naquelas posições roubadas, respirava-se um ambiente que me fazia olhar para faces desfocadas.E ali, naquela dor que me fazia viver, passava por um ritual que me deixava escapar um sussurro de inocência.
Nunca vou magoar as minhas feridas...
Deixei apenas de suportar a dor que elas me provocavam.Ao contrário do que sentia, eu estava a morrer...e toda a metáfora estava errada.
Eras um filho de uma natureza que não a tua.E tocavas lugares que já nao se sentiam.As úlceras eram parte do teu consumo...da tua maneira de tudo abarcar...
Nunca saem quando nós queremos.Só saem quando evaporamos um estado...
Um peito cheio de medo e um espírito violado...
A loucura de uma aliança de gestos perdidos e sonhos derramados.Todos os dias, havia tempo para tratar das minhas feridas.
Por elas?Tudo!
A minha pele rasgava e abria uma nova forma de sentir.As minhas veias davam sentido à cor que a minha imaginação sonhava.À vista desarmada, elas respiravam, consumindo um oxigénio que não aproveitava para recuperar...
Tudo era transformado num processo.E ali, naquelas posições roubadas, respirava-se um ambiente que me fazia olhar para faces desfocadas.E ali, naquela dor que me fazia viver, passava por um ritual que me deixava escapar um sussurro de inocência.
Nunca vou magoar as minhas feridas...
Deixei apenas de suportar a dor que elas me provocavam.Ao contrário do que sentia, eu estava a morrer...e toda a metáfora estava errada.
Eras um filho de uma natureza que não a tua.E tocavas lugares que já nao se sentiam.As úlceras eram parte do teu consumo...da tua maneira de tudo abarcar...
Cavalo Branco
Dualitate
4 Comments:
Porque qualquer coisa só é vivida com intensidade quando dela tiramos tudo: alegria e tristeza, sorrisos e choros, surpresas e desilusões, prazeres e dores descomunais. Tudo, de certa maneira, acaba por ser uma ferida. Cabe a nós saber se valerá a pena suportá-la e, apesar disso, aproveitar o algo que ela tenha de bom.
a imagem de uma úlcera de pressão pode ser demasiado impiedosa para a guardarmos na memória. a descrição ultrapassa o que se espera ler e acaba por tornar-se incontornável - desejamos desligar-nos e pura e simplesmente não conseguimos.
há metáforas que talvez estivessem erradas, mas não esta, não estas palavras afiadas que nos ferem sem nos deixarem defender.
gostei da metáfora e do fio condutor que se vai desenhando. gostei das palavras e dos sentidos que se constroem inteligentemente. acho que só não gostei do título (lol).
e agora toca a mexer...
"Nunca vou magoar as minhas feridas"
Nunca nada foi tão verdadeiro. Cuidar do que é sagrado...mesmo que doa.
Beijo-te*
é assim que gosto de te ler ... é assim com pouca luz... é assim que sinto um arrepio e tremo por dentro ... é(s) simplesmente assim...
*
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