quarta-feira, junho 14, 2006

Lenta maresia

Anjos a caírem em câmara lenta, enquanto respiram os seus cristais. Falam-me uma linguagem de violência. Uma linguagem de temor. Na sua queda eu saboreio o toque das suas asas, que quase me arrepia...
Fico embriagado com toda a maresia que me espelha o fogo que sai do desejo.
Cravas-me as unhas na alma. Derrotas passados. Engoles medos.
Pergunto-me se será aquela maresia de quem é um Deus no leito e um Diabo na razão.
Vem! Lentamente, consegues invadir-me a beleza efémera. A beleza dos meus telhados de vidro. Por onde se espreita o vazio da lucidez. Por onde se vislumbra a doçura da inocência.
Tarde, a maresia desaparecerá. Mas eu sei que a volto a ter... basta esperar...
Lentamente, será manhã. E ao nascer do dia, fecho os olhos, a boca humedece e o sal é o prometido…
Nada mais se torna efémero, quando na minha sombra penso em todos os pedaços de sonhos brancos que tiveste.
Sonhos de branco.Com a lentidão exacta de uma gota com sabor a maresia que vicia e que acalma...
(Acalma?)
Cavalo Branco
Dualitate

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Adorei esses "anjos". Que nos reconhecem apesar e com os nossos defeitos. E amam-nos. E adoram-nos. E protegem-nos.
Não interessa se estamos frágeis, eles tornam-nos fortes. Não interessa se não nos consideramos dignos. A honra não tem papel aqui.

"Cravas-me as unhas na alma. Derrotas passados. Engoles medos."
Estás frases estão brutais. Assim comot todas as outras . A cadência tem um equilibrio profundamente harmonioso e ao mesmo tempo incoerente, como as ondas do mar =)

Se acalma...uma das respostas poderá ser: "Sim, quando precisares".

Bons mergulhos com os anjos ^^

Beijo doce*

Sónia

(bem vindo de volta, já se sentia a tua falta*)

quarta-feira, junho 14, 2006 1:40:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

tudo acontece lentamente ... quase sem darmos por isso ... de uma forma tao natural ... quase tão pura como se tivesse siduh assim a vida toda ... quase tao inocente como se ser assim para sempre ... tarde ... desaparece a maresia ... us anjos ... a magia ... u momento ... a beleza efemera ... e esperar é tudo o q nos resta ... mesmo sem a certeza de que um dia se volte a ter ...

estaz bem*gozto

quarta-feira, junho 14, 2006 2:23:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Vê-se tão bem… os anjos. Quererão parte do divino? São movimentos ao ritmo de canções, de palavras segredadas, tudo se enquadra, por força dos cheiros, dos echos, são instantes fugazes que se perpetuam nas roupas, como memórias. Recordam-se como se esquecidas estivesses, invadem… adormecem pensamentos, estares, mas acordam-se as almas, acordam-se os dias, «derrotam passados. Engolem medos».
Os vazios enchem-se, os telhados ignoram-se, não se temem os dias, esperam-se… viciam!

My favorite song, um beijo

Ana

quarta-feira, junho 14, 2006 7:33:00 da tarde  
Blogger catavento said...

como será a maresia de um deus num leito? e a de um diabo na razão?
como serão as almas a sangrar atingidas pelas unhas afiadas de alguem?
o saber do sal ao amanhecer humedece a boca e o corpo. deixamo-nos ir mais calmos nesse sonho branco.

adorei mais uma vez. gosto das figuras que usas. já tinhas saudades de te ler por aqui =)

quinta-feira, junho 15, 2006 9:53:00 da tarde  

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