terça-feira, setembro 20, 2005

Café

Bebia café.O seu sabor fascina-me.Sempre.Recupera-me psicologicamente, dá-me uma espécie de extra.
Estava bem ao meu gosto.Um sabor áspero,meio amargo.Provoca-me um ardor na garganta.Um arranhão no fundo da alma.Completa o meu "apetite", pelo nome "Café".
Gosto de dizer que tinha um sabor...duro.Mas ao mesmo tempo, era...doce.Leve!No entanto,não me interessou o café!
O meu interesse despertou no sabor que me fez sentir, no que as minhas papilas gostativas me fizeram lembrar.Sua cor,lembrou-me tua pele bronzeada, depois de dias e dias ao sol.Soube-me à tua boca.Naquela noite, tinha o sabor daquele café.Aquele café, tinha o sabor daquela noite.Dura!Doce!Sendo áspera, era lisa, escorregadia e...incerta!
Ao tempo em que bebia meu café, ouvi alguém dizer "Amo-te!".Nada de especial!Gente simples.Anónima.Gente.Apenas e só no verdadeiro sentido da palavra.
Nesse exacto momento, estava a saborear meu café. Estremeci por dentro!Tremi!Mexi-me interiormente.
Que belo!É possível descrever, tal beldade?Que simples!É possível descrever, tal simplicidade?Senti um abanão dentro de mim.A realidade!
Tudo isto,numa fracção de segundos.
Já bebi aquele café.Aquele nunca mais volta para mim.Nem eu para "ele".E a noite, volta?Para mim?Ou,eu para ela?
Só ainda não sei...foi o café que provocou aquele ardor?Aquele arrepio?Ou foi a palavra, o seu momento?Nunca irei saber...
Passaram alguns momentos e ainda não sei.Passarão mais ainda, e vou continuar a duvidar.
Há explicação?

Cavalo Branco

Dualtiate

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

“Só ainda não sei...foi o café que provocou aquele ardor?Aquele arrepio?Ou foi a palavra, o seu momento?”
A noite...aquela noite estará sempre presente em ti,aqueles momentos,aquelas palavras,aqueles silêncios...o café fez-te lembrar dela...do seu sabor,mas foi sem duvida a palavra que intensificou o “momento”...foi a palavra que fez aquele “clique”...foi a palavra que te deixou inquieto e foi a palavra que te fez mais uma vez lembrar daquela noite...daqueles momentos...daquelas palavras e daqueles silencios...e sentir o tal arrepio!
beijinho*

quarta-feira, setembro 21, 2005 12:55:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

mas terá de haver uma explicação? teimamos em explicar tudo e para quê?para perdermos o amor?

quarta-feira, setembro 21, 2005 1:26:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os sinais muitas vezes mostram-se do modo mais peculiar. Sentimos o que nós fazem sentir e quando encontramos algo assim "escrito em toda a parte" parece-nos destinado. Porque não num café? Porque não na voz de alguém?
Muito bom*

Beijo enorme

E.

quinta-feira, setembro 22, 2005 11:39:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

"Já bebi aquele café.Aquele nunca mais volta para mim.Nem eu para "ele"." Mas virão outros cafés … outras frases soltas no meio da multidão …um simples pormenor que, como uma chave abre a gaveta das lembranças e começam a surgir em série, podemos até nem querer...mas supera-nos ... não controlamos ... é como o batimento cardiaco, a respiraçao...é involuntario... “Quando se esqueceria do que mais lhe doía lembrar??? Os pormenores trazem sempre a maior magoa.”
Ainda me lembro do brilho teus olhos … não que os conheça ou se quer o brilho que têm… ainda me lembro do teu sorriso calmo … não por me ser uma visão familiar… muito pelo contrario … quero olhar para ti mais uma vez … porque nunca te vi …
“o que é que se faz com o que nos fica na cabeça quando já não há nada para fazer?”

sexta-feira, setembro 23, 2005 10:45:00 da tarde  

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