segunda-feira, setembro 05, 2005

Álbum de fotos

Irritada, ando em frente, Ergo-me, resoluta, ninguém pára um corpo indignado. A areia na praia apodrece. Ás vezes também quero que tudo em mim fique sujo e corrompido. Aperto a areia que quer fugir. Sofrer, sofrer, sofrer.
Sigo adiante, vejo rostos, os martirizados, distantes e indiferentes dos estranhos. As suas vozes soam-me aos ouvidos numa estranha melodia normalizada pelo dia-a-dia que corre (já não é a primeira vez que a normalidade me atira para a loucura). Nada acontece, nem no passado nem no futuro. Há tons de vozes que humilham. Um choro vem, ou então não...Aguento o rio escaldante que me vai queimar, um fogo não vai sair.
Segura-te só mais um pouco, ri, fala, enrola esse coração em fitas de contenção. Tu não sentes nada. Eu também não. Os anónimos incendeiam uma cruel visão. Fazes parte deles? Talvez. Desejo que sim. Tu rezas para que não.
Um nevoeiro opaco instala-se se há dualidade na solidão. Sigo um caminho movida pelo hábito, cega estou, tropeço, não sei andar como aprendi. Um silêncio sufoca-nos, consentimos que nos oprima a ditadura das leis a que temos de nos subjugar.
Um acaso leva a que descubra um fio de humanidade. Os elogios subtis tem um encanto fácil de manter.
Mas ainda não sei de cor essas regras. Por isso, faço as minhas.
Um sorriso de víbora sobe-me aos lábios. Duvida. Será que as correntes te irão apertar ainda mais os braços? E uma corda sufocar-te sem o notares? Ou é uma doce inspiração que te permite sentir o sangue correr-te nas veias? E com mais um pouco de esforço desprendes-te de onde és prisioneira? Duvida...e consome-te sem esclarecimento. Não possuis a força para perseguir um milagre.
O peão e o rei no fim vão para a mesma caixa...e eu só não quero voltar para ela.
O despeito é como o medo. Um cheiro de putrefacção é substituído pelo cheiro das flores murchas. Não sabes onde colocar o porte que mantinhas e o brilho fugiu para qualquer caixa de maquilhagem. E nestes momentos é tão precioso ter algo à mão. Um cigarro, uma faca, um jornal, escondem as marcas da incerteza, escondem as marcas da humilhação.
Tremo, aquele sorriso calmo não devia desabrochar.
Conclusões cheiram a pêssegos descascados no Verão.

Espiral

Dualitate

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

“Nada acontece, nem no passado nem no futuro. Há tons de vozes que humilham.” E há silêncios que humilham ainda mais … permites tudo … e sem dares por isso tornas-te o tapete da entrada (ate para ti mesma) … e quando pensas que alguém vem para te “sacudir” e disfarçar algumas marcas que ficaram no tapete … esse alguém passa ao lado … não deixa o seu pó mas também não sacode o que existe … e então “Um cigarro, uma faca, um jornal, escondem as marcas da incerteza, escondem as marcas da humilhação” e limito me a “Seguir um caminho movida pelo hábito (…) não sei andar como aprendi” e conformo me…

gosto do que escreves ... continua =)

segunda-feira, setembro 05, 2005 4:06:00 da tarde  
Blogger Espiral said...

Oi* Obrigada pelo comentário* Mas podes identificar-te? Conheço-te?
Beijo

Espiral

segunda-feira, setembro 05, 2005 4:15:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

=) podia identificar me, podia dizer te o meu nome (ou simplesmente um nome) isso ia mudar alguma coisa? não me conheces nem eu a ti ... mas gosto do que voces escrevem ... porque escrevem bem ... e acertaste Sherlock Holmes de serviço =) sou uma rapariga ... usei uma frase do vanilla porque gosto do filme ... porquê aquela especificamente? talvez porque eu ache que nesta vida n vai haver oportunidade =) ou então ha outra razao que eu desconheço ... n sei ...
mas se vos faz muita confusao que eu n m identike ... posso deixar d comentar ... so duvido que vos consiga deixar de ler =)

segunda-feira, setembro 05, 2005 5:18:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

sorrio..
lembro me do post encalhado nakele caderno amarelo e verde, do teu sorriso corado com que dissest o k eu ouvi.soube que o tinhas conseguido no dia a seguir.. os teus olhos brilharam.

segunda-feira, setembro 05, 2005 8:05:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Segura-te só mais um pouco, ri, fala, enrola esse coração em fitas de contenção. Tu não sentes nada."...está perfeito! Será que não sentimos? Ou será que não queremos sentir? Gostei da linguagem..dura, mas..vibrante!

Continua "companheira".

segunda-feira, setembro 05, 2005 8:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Emi, o que dizer? Obrigada pela motivação, pela doçura, pela amizade. Por me compreenderes e por me julgar um pouco menos e.t. quando estás perto =)Beijo-te com carinho. Adoro-te muito*

Cavalo Branco, companheiro destas andanças ^^, comentaste exactamente o ponto fucral do texto. Não me surpreende =). Obrigada, especialmente porque sem ti não existiria este blog*
Gosto de ti*

Agora. para a menina anónima: Obrigada por responderes. Claro que não necessitas de nos dar um nome. Acredito que não nos conheças. E espero que continues a comentar ^^. Encoraja-nos ^^

segunda-feira, setembro 05, 2005 11:24:00 da tarde  

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