Incondicionalidade
Falo através dos meus dedos enquanto percorro mil vezes a tua pele para trás e para a frente. A culpa é das incondicionalidades, sussurro. A culpa é dos momentos em que tudo deixa de fazer sentido e só o aguento se fecho os olhos. Mantê-los abertos é insuportável. É enfrentar uma realidade que se proclama, sem piedade, frente a mim. Se os abrisse um segundo antes não sobreviveria. Abrindo-os um segundo depois, como faço miseravelmente sempre, fico um pouco mais frágil. Porque não venci. Nem perdi. Porque envolvo-me tanto nos tecidos que me rodeiam a pele nua que só acontecem duas coisas. Ou rasgam-se e caio. E caio tantas vezes. Porque há tantos tecidos frágeis. Porque me envolvo demasiado. Ou fico bem segura. E posso enrolar e desenrolar porque estou confortável. Porque é tudo a mil. Quando não é a zero. E cometo todas as heuristicas para as quais fui preparada para não errar. Porque comigo não há cinquentas, nem tão pouco noventa e noves ou apenas dois. Quero cem. E portanto tantas vezes perco tudo. E quase me perco por isso. Mas quem me engana e me diz que este sentir não é sentir?
Gosto da tua pele. Gosto do teu cheiro. Gosto do teu sorriso. Gosto das nossas mãos, sozinhas ou acompanhadas. Gosto dos nossos abraços. Gosto de nós. Sem condições.
Espiral
Dualitate
Inspiração - K's choice ; fitas ; os meus incondicionais.
Dedicado: a todos aqueles a quem já escrevi fitas; aos que não escrevi e queria ter escrito; aos que ainda não escrevi e escreverei; aos que ainda não escrevi, nem escreverei. Em suma, aos meus incondicionais.
1 Comments:
tenho vontade de te roubar! plagiar! usar como meu aquilo que escreveste com outro propósito qualquer que não aquele para o qual o utilizaria... "utilizaria" as palavras não se utilizam... acho que não, pois não? mas tneho mesmo vontade de as roubar e vesti-las de mim própria... não se utilizam, mas podem vesti-se de nós, usar o nosso perfume. as tuas palavras permitem que eu as faça usar o meu perfume e as minhas roupas... Já to tinha dito e, mais uma vez, peço-te desculpa por esta apropriação. é uma ousadia, mas considera-a um elogio.
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