quarta-feira, junho 01, 2005

Vulto

Algo de novo nasce dentro de nós.Uma nova vida, pensamos.No entanto, como humanos, pensamos mal.A vida antiga e mundana, com a sua locura e sofrimento, é algo que não vai embora, como um qualquer Inverno. Voltamos sempre ao frio. Aos dias escuros. À chuva miudinha que nos corrói a alma. Ao gelo que exposto ao quente continua a arrefecer a razão. À rajada de vento, que leva o pensamento para parte incerta e mais perigoso ainda, para parte não desejada. Ao nascermos de nós mesmos, estamos a tentar uma qualquer e desconhecida transformaçao, pesada como uma herança asfixiante e ao mesmo tempo leve como a alma de uma criança. Apareçe um vulto.O peso de tal transformação, prende-se com a razão da mudança que complica as ideias e sentidos da leveza.Como seria, não sentir em cada batida do coração, este vulto? Um vulto que não se deixa tocar, mas um vulto que se deixa sentir.Uma força estranha, que puxa! Que parece querer levar para outro lado, o que parecia ser antes imóvel.O lado que não serve nem à vida dura, nem à transformação que dela parece advir.E se ao menos alguém tivesse força para a travar!Quando estamos nesta luta, so há um caminho a percorrer. Qual?Não teremos todos nós este vulto?E este sofrimento?Esta estranha e ao mesmo tempo magnífica pressão no peito, que tentamos, sem conseguir controlar. Que tentamos, sem conseguir esconder. Que tentamos, sem conseguir, odiar. Que tentamos, conseguindo amar. Que tentamos, conseguindo sentir. Que tentamos, conseguindo viver.O vulto leva-nos embriagado, para parte escura, mas incerta. O caminho que precorre passa a ser para nós o correcto, deixamos levar-nos, alcoolizados pela mesma pela mesma ânsia.Inconscientes. Débeis.Nos braços do inimigo. Até ao destino a percorrer a dor. Da vida anterior.Da sua transformação.Será um teste?

Cavalo Branco

Dualitate

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gostei!gostei mesmo muito,aliás gostei tanto que me estao a faltar palavras para conseguir transmitir o quanto gostei...
Conseguiste por em palavras aquilo que de vez em quando todos sentimos...e escolheste as palavras perfeitas,uma pontuacao que nos faz reflectir após cada frase que se lê...sinceramente,gostei mesmo muito!Parabens!

terça-feira, agosto 30, 2005 2:14:00 da tarde  

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